HOW LANGUAGE SHAPES THE WAY WE THINK
Linguagem... Esta é uma das capacidades mágicas que os seres humanos possuem. Podemos transmitir aos outros pensamentos complicados. O que estou a fazer agora são sons que estão a criar vibrações no ar. Essas vibrações viajam até vocês, atingem os vossos tímpanos, o vosso cérebro capta essas vibrações e transforma-as em pensamentos.
Por causa desta capacidade, nós, humanos, conseguimos transmitir as nossas ideias através da imensidão do espaço e do tempo. Somos capazes de transmitir conhecimento através das mentes. Por exemplo, eu posso por uma nova ideia bizarra na vossa mente neste momento. "Imaginem uma alforreca a dançar valsa numa biblioteca enquanto reflete sobre em mecânica quântica". E acabei de vos fazer pensar nisso por meio da linguagem.
Claro que não há só um idioma no mundo, há cerca de 7 mil idiomas falados. Todos eles são diferentes entre si das mais diversas formas. Alguns idiomas têm sons e vocabulários diferentes, e também estruturas diferentes, o que é muito importante.
Isto leva à questão: a linguagem que falamos modela a maneira como nós pensamos? Esta é uma questão antiga. Especula-se sobre isso há alguns séculos. Carlos Magno, o imperador romano, disse: "Ter uma segunda língua é ter uma segunda alma", uma forte afirmação de que a linguagem modela a realidade. Mas, por outro lado, Julieta, de Shakespeare, diz: "O que há num nome? Uma rosa teria um cheiro agradável com qualquer outro nome". Isso sugere que talvez a linguagem não crie a realidade.
Estes argumentos vão e voltam há milhares de anos. Mas até recentemente não havia dados para nos ajudar a decidir. No laboratório da cientista Lera Boroditsky e noutros ao redor do mundo, iniciaram se pesquisas e temos agora dados científicos reais para responder a esta pergunta.
As línguas também diferem quanto à divisão do espetro das cores, o mundo visual. Algumas línguas têm muitas palavras para as cores, outras apenas duas palavras, "claro" e "escuro". E as línguas diferem nos limites entre as cores.
Por exemplo, em Inglês, há uma palavra para azul que abrange todas as cores que vemos no ecrã. Mas em russo, não há uma palavra só. Em russo, é preciso diferenciar o azul claro, "goluboy" do azul escuro, "siniy". Assim, durante toda a sua vida, os russos estão habituados a distinguir estas duas cores. Quando nós testamos a capacidade das pessoas para distinguir estas cores, os russos são mais rápidos, a passar esta fronteira linguística. São mais rápidos a dizer a diferença entre azul claro e escuro.
Ao observar o cérebro das pessoas enquanto elas olham para cores — digamos que as cores passam lentamente do azul claro para o escuro — o cérebro de uma pessoa que usa palavras diferentes para o azul claro e o azul escuro terá uma reação de surpresa quando as cores passam do claro para o escuro: "Oh! algo mudou de categoria". O cérebro de um inglês, por exemplo, não faz essa distinção de categoria, não revela essa surpresa, porque nada está a mudar de categoria.
As línguas têm todo o tipo de peculiaridades estruturais. Esta é uma das minhas favoritas. Muitas línguas têm géneros gramaticais. Cada nome é associado a um género, normalmente masculino ou feminino. E esses géneros diferenciam-se conforme as línguas.
Por exemplo, em alemão o sol é feminino, mas em espanhol é masculino e para a lua é o contrário. A pergunta coloca-se: Isto poderá ter consequências sobre a forma como as pessoas pensam? Será que os alemães pensam no sol como uma coisa mais feminina e na lua como uma coisa mais masculina?
Na verdade, é isso que acontece. Se pedirmos a alemães e espanhóis para descrever uma ponte como esta — a palavra "ponte" é do género feminino em alemão, e do género masculino em espanhol —Assim, os alemães têm tendência para dizer que as pontes são "lindas" e "elegantes" e outras palavras femininas estereotipadas. Enquanto que, os espanhóis têm mais tendecia para dizer "fortes" e "robusta", que são palavras mais associadas ao masculino.
A língua pode ter grandes efeitos, como vimos com o espaço e o tempo, no qual as pessoas dispõem o espaço e o tempo num sistema de coordenadas completamente diferente entre si.
A língua também pode ter efeitos precoces, como vimos no caso das cores. São decisões muito simples, básicas e percetivas. Nós estamos sempre a tomar milhares de decisões e, contudo, a língua intervém neste ponto e causa confusão até nas pequenas decisões percetivas que nós tomamos.
A língua pode ter efeitos amplos. O caso de géneros gramaticais que se aplica a todos os substantivos. Isso significa que a língua pode modelar a forma como pensamos sobre tudo o que é designado por um substantivo. O que é muita coisa.
A beleza na diversidade linguística é que nos revela o engenho e a flexibilidade do espírito humano. O espírito humano não inventou só um universo cognitivo, mas 7000. Há 7000 línguas faladas em todo o mundo e podemos criar muitas mais. As línguas, claro, são coisas vivas, coisas que nós podemos aprimorar e mudar segundo as nossas necessidades. O trágico é que estamos a perder muita dessa diversidade linguística. A cada momento perdemos cerca de uma língua por semana e segundo as estimativas, metade das línguas do mundo desaparecerão nos próximos 100 anos. Uma notícia ainda pior é que agora, quase tudo que sabemos sobre o espírito e o cérebro humanos se baseia em estudos universitários normalmente americanos. E isto exclui quase todos os seres humanos. Assim, o que sabemos sobre o espírito humano é muito reduzido e tendencioso e a nossa ciência precisa de melhorar este aspeto. Por fim, ou deixar-vos com este pensamento final. Eu disse que pessoas de línguas diferentes pensam de modo diferente, mas na verdade não se trata de como as pessoas de outros lugares pensam, mas de como nós pensamos e de como a língua que falamos modela a maneira de pensar. Isso dá-nos a oportunidade de perguntar: "Porque é que eu penso desta forma?" "Como é que podia pensar de modo diferente?" e também, "Que pensamentos desejo criar?"
TEDTALK
https://www.ted.com/talks/lera_boroditsky_how_language_shapes_the_way_we_think
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https://www.ted.com/talks/lera_boroditsky_how_language_shapes_the_way_we_think
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